quinta-feira, 28 de abril de 2011

1º Concurso de Contos - Dragões de Éter

SONHOS

Nova Ether é uma terra criada e mantida pelos pensamentos de semideuses. O semideus Criador estabeleceu seus alicerces e muitos outros semideuses a mantém existindo através de seus sonhos.
Assim como os outros mundos de éter, ela existe de uma forma tão sublime quanto concreta, como seus habitantes. Cada nova-etheriano tem uma vida, sentimentos, experiências, desejos e emoções.
Cada um tem uma história que nos envolve, inspira, diverte, emociona, ensina. Com eles vivemos outras jornadas, aprendemos a ser outros e, assim, a sermos nós mesmos. Viajamos por mundos, eras e lugares que nunca sonhamos conhecer e vemos pessoas que nunca imaginamos encontrar. Com eles vivemos outras vidas e aprendemos a ser melhores.
Por isso são tão importantes e suas vidas tão complexas e reais. Por isso simplesmente existem. Porque todos os dias milhares de semideuses mantêm essa terra viva através desse procedimento tão sublime quanto sagrado.
Mas o que aconteceria se os semideuses os esquecessem? O que seria de Nova Ether se eles não se importassem mais?
O que aconteceria se os semideuses deixassem de sonhar?

***

- Mãe, o que é um semideus?
- Ora, garoto, por que isso agora?
- Nessa noite tive um sonho muito estranho, muito real. Eu vi um moço que disse ser um semideus, mas não entendi o que queria.
- Deixe de bobagens. Deve ter sido imaginação.
- Não, mãe, foi muito real. Ele até falou sobre o Príncipe Axel, o Rei Anísio e o. . .
- Menino, escute: Príncipe Axel e Rei Anísio são lendas, entendeu? Não existem, assim como esses semideuses. Isso é coisa da sua imaginação.
- Não pode ser. Sei o que vi.
- Olhe Lucas, se semideuses existissem por que Nova Ether estaria assim? Trabalhamos como escravos e temos quase nada para comer. Saímos todos os dias sem saber se voltaremos, por causa da violência que domina esse mundo. Se semideuses existissem acha mesmo que deixariam esse tirano Barba Negra, que se autoproclamou Rei, maltratar, humilhar e escravizar nós arzallinos? Não poderiam enviar seus avatares, as lendárias fadas, para nos ajudar ou ao menos punir essas pessoas tão ruins? Isso não passa de histórias que os bardos insistem em contar para não admitirem que o fim de Nova Ether está próximo, mas a cada dia percebemos que o éter fica mais fraco. E, sinceramente, se for para viver assim, prefiro que Nova Ether deixe de existir. Se os semideuses realmente existem eles não olham mais por nós.

Naquela noite Lucas foi conversar com seu pai.

- Filho, tente entender sua mãe. Vendo Nova Ether como está hoje é muito fácil de perder a fé.
- Mas, pai, tenho certeza de que não foi só um sonho. Ele falou sobre o Príncipe Axel, o Rei Anísio, o Cavaleiro João, mas mamãe disse que são só lendas.
- Filho, – José era um dos lenhadores mais respeitados de Andreanne e famoso por seu jeito áustero, contudo naquele momento sua voz parecia tentar disfarçar o entusiasmo de uma criança, mas imagine a euforia de um pai que vê no filho a possibilidade de salvar o mundo em que vive – Essas pessoas que você falou, até mesmo Robert de Locksley ou o Rei Primo Branford, são vistas como lendas por muitos hoje porque foram homens brilhantes que fizeram coisas incríveis e viveram há muitos, muitos anos. Naquela época as pessoas tinham uma relação mais forte com os semideuses, acreditavam neles, eles pensavam mais em Nova Ether e as fadas ainda caminhavam por nosso mundo. Mas isso já faz uns dois mil anos e há muito tempo não temos notícias das fadas. Por isso muitos deixaram de acreditar, os tornaram lendas e nossa relação com os semideuses fica cada vez mais frágil.
- Mas não podemos fazer nada para mudar isso?
- Por muito tempo as pessoas tentaram contato com os semideuses, mas sem notícias das fadas foi impossível. Mas hoje acho que Nova Ether tem uma chance. Se você viu um semideus, mesmo em sonho, pode tentar falar com ele e convencê-lo a não nos esquecer. Essa pode ser nossa única salvação.
- Mas pai, se os semideuses enviavam seus avatares para falar conosco, por que um próprio apareceria para mim?
- Lucas, contam os bardos que em uma era terrível Nova Ether precisou muito de ajuda, então os próprios semideuses andaram na terra dos homens e abençoaram pessoalmente os heróis de muitos contos, isso pode estar acontecendo de novo e você pode ser nosso herói.
- Impossível. Eu acabei de completar 13 anos, sei que já sou adolescente, mas é muita responsabilidade até mesmo para alguém da minha idade.
José não conteve o riso, incrível como adolescentes eram sempre iguais.
- Filho, talvez por você ainda ter a ingenuidade e simplicidade de uma criança é que conseguiu ter contato com um semideus.
- Pai, não sou mais criança! 
- Não foi o que eu quis dizer. Para nos ligarmos a outros mundos precisamos ter o coração de uma criança. Quando crescemos nossos preconceitos e nossa arrogância aumentam, queremos ser adultos reconhecidos e importantes, acabamos perdendo essa simplicidade mágica das crianças e deixamos de acreditar.
- Mas como vou dizer isso para um semideus? Como posso pedir que ele nunca nos esqueça? Será que semideuses também crescem e deixam de acreditar?
- Não se preocupe, na hora certa vai saber o que fazer. Só precisa agir com o coração.

Então Lucas foi se deitar. E aquela foi mais uma noite especial.

***

- Olá Lucas, tudo bem? Parece triste.
- Oi. Você é mesmo um semideus?
- Sou sim, por quê?
- Minha mãe disse que semideuses não existem, que se existissem Nova Ether não estaria assim.
- Assim como?
- Nosso mundo está muito ruim, nós só sofremos e nosso rei é muito cruel. O mundo precisa mudar, mas ninguém faz nada. Todo mundo diz que está chegando o fim.
- O fim de Nova Ether? Mas como?
- Uma vez meu pai disse que nós existimos por causa dos semideuses, mas agora ele disse que nossa ligação está muito fraca e que se continuar assim vocês vão nos esquecer e vai ser o nosso fim.
- Entendo.
- Mas, semideus, por que vocês nos esqueceriam? Somos tão ruins ou chatos assim? Vocês não gostam mais de nós?
- É claro que gostamos de vocês. Bem, eu, pelo menos, gosto muito de Nova Ether.
- Então por que você iria querer nos esquecer?
- Não pense que somos ruins, não queremos esquecê-los, mas é que... bem... é complicado, uma criança não entenderia.
- Criança!? Olha, semideus, você está meio por fora das coisas daqui de Nova Ether. Eu já tenho 13 anos e aqui isso significa que não sou mais uma criança.
- Ah, me desculpe, eu havia me esquecido.
- Por que você está rindo?
- Eu havia esquecido como é querer sair da infância.
- E você já passou por isso há muito tempo?
- Na realidade não sou muito mais velho que você, mas da adolescência até a idade adulta muitas coisas mudam em poucos anos. Temos que amadurecer muito e muito rápido.
- Como assim, temos que amadurecer?
- O mundo começa a exigir muito de nós, novas atitudes, decisões, responsabilidades. Isso nos obriga a crescer.
- E crescer é ruim, por acaso? Não vejo a hora de ser adulto e poder fazer o que quiser sem dar satisfações a ninguém.
- Acredite, não é bem assim. Ser adulto é bom em alguns pontos, mas em outros é bem difícil. As responsabilidades e obrigações aumentam e quando você perceber estará dando satisfações a mais pessoas do que imagina ou gostaria.
- Quer dizer que até os semideuses têm que dar satisfações?
- Somos mais parecidos com vocês do que imagina.
- Nossa, eu pensava que meus problemas acabariam quando fosse adulto.
- Acredite, é aí que seus problemas começam. . .
- . . .
- . . .
- Mas então, se vocês não querem nos esquecer, por que deixam de pensar em nós?
- Com o tempo não conseguimos mais nos... ligar a outros mundos. É como se perdêssemos esse poder.
- Por quê?
- Não sei.
- Sabe, eu acho que isso acontece porque vocês perdem a fé. Todos os adultos. Minha mãe não acredita mais em semideuses, acho que quando as pessoas crescem elas param de acreditar. Por isso nós começamos a esquecer vocês e vocês se esquecem de Nova Ether.
- Você pode ter alguma razão. Mas isso é inevitável, não podemos ser crianças para sempre.
- Você está errado.
- O quê?
- Para mim o mais importante é ser feliz do jeito que sou, sem precisar me tornar alguém que não gosto para agradar os outros. Se ser adulto for isso, então não quero crescer nunca.
- Eu te entendo Lucas, mas é complicado. Mesmo sem querer acabamos perdendo esse poder, não temos como evitar.
- Têm sim. Meu pai disse que consigo falar com você porque, apesar de não ser mais criança, ainda tenho o coração de uma. Então quer dizer que se você crescer, mas nunca deixar de ser criança por dentro, não vai perder seu poder.
- Hum.
- E aí você vai poder continuar pensando em nós.
- Hum, hum.
- E não vamos deixar de existir! Você só precisa querer isso.
- . . .
- . . .
- Sabe Lucas, essa conversa foi muito importante para mim. As pessoas pensam que são os devotos que precisam dos semideuses, mas na verdade nós também precisamos muito de vocês. Hoje você me fez perceber uma coisa muito importante: nós somos o que nosso coração é e nos tornamos aquilo que deixamos nosso coração ser. Você me mostrou que o verdadeiro adulto é aquele que amadurece e ganha responsabilidades, mas deixa viva a criança dentro de si nesse processo.
- Nossa, fiz você perceber tudo isso?
- Sim. E nunca vou esquecer. Vou tentar nunca ignorar a criança dentro de mim, e assim, manter sempre viva essa magia que vem através da simplicidade de ser um eterno semideus.
- Obrigado, semideus! Nunca vou me esquecer de você e vou contar para todo mundo que vocês existem e são bons, vou mostrar para eles como é importante termos fé.
- Obrigada, Lucas. Também vou falar para todos os outros semideuses o que você me ensinou.
- Isso, assim Nova Ether nunca vai deixar de existir. Obrigado semideus. E, por favor, sonhem conosco. . .
Sempre.

Sarau

No dia 27/05 às 19h haverá na Etec de Artes, no Carandirú, em São Paulo, um sarau organizado pelos alunos do 2º módulo do curso de Eventos e contará com a participação dos alunos de todos os cursos da Etec de Artes.




Quem puder e quiser comparecer será muito bem vindo!

domingo, 24 de abril de 2011

1º Concurso de Contos - Dragões de Éter

ENCONTRO

Quando ela o avistou de longe pensou que iria desmaiar. Sentiu todo o corpo gelar e seu coração batia a uma intensidade que dificultava a respiração. Perdeu a noção do que acontecia ao redor, naquele momento seu mundo se concentrava nele.
Foi levada de volta à realidade apenas quando Ariane Narin agarrou seu braço. Ouviu a amiga dizer algo, mas não conseguiu entender o quê, parecia que tudo girava e ela queria sumir, não queria ser notada por ele, isso apenas traria à tona toda a dor contra a qual lutara por três anos e ainda não conseguira suprimir totalmente. Por sorte, sua amiga a conhecia bem e a retirou do meio da multidão que o rodeava.
- Tudo bem? – disse Ariane preocupada com a amiga.
- Não sei. Quero ficar sozinha – na realidade queria deixar de existir. Não sabia ao certo o que sentia, mas doía muito. Tentava não pensar para não se lembrar de todos aqueles momentos tão difíceis que visitavam seus sonhos todas as noites. Teve medo de encontrá-lo de novo, de sofrer novamente.  

***

Quando ele a avistou de longe sentiu o coração disparar. Sabia que não deveria sentir aquilo, mas também sabia que era natural senti-lo. Afinal, ela já fizera parte da sua vida e representava o que ele fora um dia.
Sim, a apreensão era inevitável, era como ver o passado em sua frente, com todas as dores e alegrias. Era natural que seu coração disparasse, afinal, ela estava linda. Era uma beleza diferente da qual ele havia se acostumado nos últimos três anos, era a beleza dela, que não seria encontrada em nenhum outro lugar.
Pensou em ir até ela, mas falar o quê? Havia tanto para se falar, mas como ser dito?
Não. Ir até lá só iria mexer em feridas já cicatrizadas, ou quase. Só traria mais sofrimento para aquela menina por quem ele tinha um carinho tão especial.
Queria ir até ela, encontrá-la novamente, pedir desculpas talvez. Mas teve medo de magoá-la de novo, de que ela não compreendesse, teve medo de encará-la. Os dois deveriam ter mudado muito em três anos, temia que ela não fosse mais aquela menina que um dia conhecera...
Não. Ir até lá só iria machucá-la mais. Ele tinha seu dever e ela teria que compreender isso. Às vezes nossas vidas tomam rumos inesperados.
Decidiu ir até ela, perguntaria se estava bem, se precisava de algo. Ouviria sua voz novamente, olharia em seus olhos...
Não. Tudo havia mudado, três anos fora tempo demais e ver o rapaz que se aproximava dela o fez ter certeza disso. Já o havia visto antes, era algum nobre, seu rosto não era estranho.
Observou os dois. Ela mantinha um ar discreto, como sempre, mas o jeito exibido do nobre por algum motivo o irritou. De repente se lembrou porque preferia tanto os plebeus. Sentiu a irritação aumentar quando viu o rapaz afastar os cabelos dela, aproveitando para acariciar-lhe o rosto. Ela tentou esquivar, mas ele insistiu e aproximou-se ainda mais.
Fechou os punhos, sentiu o coração pulsar na garganta. Estranho, há anos não sentia aquela sensação. Não, ela era boa demais para ele.
Começou a ir até ela, o coração batendo forte, os punhos ainda fechados...
Parou. Observou outro rapaz se aproximar. Dele recordava-se de algumas festas no Grande Paço... Casanova. Lembrava-se também de sua fama com as garotas.
Observou de longe. Casanova se aproximou dos dois, encarou o outro rapaz, depois se dirigiu a ela e, ao cumprimentá-la, a envolveu com os braços pela cintura. Seu coração disparou novamente, sentiu a raiva o dominar, notou que não conseguia respirar direito. Percebeu que ela ficara envergonhada e tentava desvencilhar-se dos dois, mas eles a cercavam.
Então compreendeu que os dois se provocavam e que o objeto de provocação era ela. Ao perceber isso sua raiva aumentou. Pelos últimos três anos seu maior medo foi que ela se envolvesse com alguém que não a amasse e que pudesse fazê-la sofrer. E aqueles dois que a disputavam definitivamente não a mereciam.
Rogou ao Criador que a tirasse dali, sentiu que não conseguiria mais se conter.
Começou a caminhar até ela, então viu que sua prece fora atendida. Ela despediu-se dos dois e partiu, deixando-os sozinhos, encarando-se com sorrisos de provocação.
Então se acalmou e se sentiu um tolo. Não deveria sentir aquilo, não podia. Tinham vidas totalmente diferentes agora e ela não era mais sua responsabilidade. Precisava acostumar-se com isso, por isso teve certeza – não podia vê-la novamente.

***

Quando eles se encontraram, três anos depois da última vez, estavam mais perto do que esperavam. Estavam a menos de dois passos. No entanto parecia que um abismo os separava.
Era como se os semideuses houvessem tramado aquele encontro, pois apesar de terem se evitado por dias acabaram encontrando-se em um lugar muito peculiar – em frente à Catedral da Sagrada Criação. Quando se deram conta estavam frente a frente e não sabiam o que fazer.
Seus corações batiam forte, ela estava corada, sentia a perna fraquejar e um nó apertar-lhe a garganta, mas tentava agir naturalmente, bem, ao menos tentava.
Ele estava nervoso, sentia um ardor na boca do estômago e não sabia o que fazer, então arriscou:
- Olá Maria Hanson.
O coração dela vacilou por um momento. Há tanto tempo não ouvia aquela voz. Seus olhos encheram de lágrimas, mas conseguiu contê-las. Então respondeu ao cumprimento do príncipe com toda sua segurança e cordialidade.
- Boa tarde, Vossa Alteza.
Ele a observou por um instante, parecia triste. Notou que ela não o olhava nos olhos.
- Tudo bem?
- Tudo ótimo – ela disse, e começou a andar deixando-o para trás – Com licença.
Ele a segurou pelo braço e não conseguiu conter as palavras.
- Espere, por favor.
Quando ela sentiu seu toque foi como se todo o passado retornasse, seu coração deu um salto e os olhos encheram-se de lágrimas. Não queria encará-lo, mas algo a impedia de partir.
- Senti saudades.
A voz dele foi tão sincera que ela não resistiu e se virou. Fitaram-se por um longo momento. Foi como se pudessem se compreender totalmente sem nem dizer nada, como se os últimos três anos não tivessem sido nada além de um sonho ruim. Dariam qualquer coisa para ficar ali simplesmente se olhando.
Então, por um impulso se abraçaram.
E lágrimas falaram mais do que as palavras.
E toda a dor, toda e qualquer mágoa foi substituída pelo carinho e amor que sentiam um pelo outro.
- Me desculpe. – Axel não sabia por onde começar – Nunca quis fazê-la sofrer.
- Eu sei. – Maria sentia-se tão segura nos braços dele, não queria que ele a soltasse.
- Me desculpe, Maria, sei que não foi certo o que fiz. Não deveria ter me envolvido com você sabendo do meu compromisso, mas quando a conheci eu era diferente, era irresponsável e não pretendia honrar um compromisso firmado por meu pai.
Maria não conseguia responder, apenas chorava.
- Mas você me transformou. Não me importo com meu desejo ou dor, mas me martiriza todos os dias ter feito você sofrer. Durante esses três anos sonhei com seu perdão.
- Ainda que sofresse minha vida inteira, Axel Branford, teria valido a pena passar ao menos um dia ao seu lado.
Axel a abraçou o mais forte que pôde. Queria aquela menina para sempre em seus braços. Seus corações batiam tão intensamente que um conseguia sentir os batimentos do outro.
Como se fossem um.
- Gostaria de poder ficar.
Um nó apertou a garganta de Maria.
- Quando você parte? – lágrimas voltaram aos seus olhos.
- Amanhã.
- Entendo. Sua esposa o espera.
Axel levantou o rosto de Maria e a olhou nos olhos.
- Ela é muito especial, mas gostaria que você estivesse comigo.
Maria franziu o cenho.
- Isso não importa mais. Você é casado agora e é melhor voltar logo para sua esposa.
Maria se desvencilhou do abraço do príncipe e o encarou com tristeza.
- Você é muito especial, Maria. Gostaria de fazê-la feliz, mas ainda não posso. Espero que encontre alguém que te mereça.     
- Não sei se quero.
- Vai querer. Mas, por favor, não caia na conversa daqueles dois que estavam com você outro dia, você é boa demais para eles.
Maria sorriu.
- Juan e Giacomo são apenas amigos. Já disse isso a eles, mas acho que gostam dessa competição.
Axel sorriu.
- É, subestimei sua inteligência.
Os dois sorriram sinceramente. Gostavam de estar juntos.
- Tenho que ir. – O sol começava a se pôr.
A tristeza voltou a tomar-lhes a face.
- Espero que seja muito feliz.
- Nunca se esqueça, Maria Hanson, não importa onde ou com quem eu esteja, sempre te amarei e estarei pensando em você.
Lágrimas brotaram novamente dos olhos de Maria. Axel a abraçou forte, enxugou suas lágrimas, deu um beijo em sua testa e partiu... Novamente...

Também sempre te amarei Axel Branford...

De repente Maria abriu os olhos e viu a janela do seu quarto. Sentiu o travesseiro úmido e percebeu que chorara enquanto dormia. Só então entendeu que tudo fora um sonho.
Mais um sonho.
Mas aquele pareceu ser tão real...
A dor apertou seu peito. Todas as vezes que sonhava com ele sentia-se assim, mas na verdade gostava de sonhar, dessa forma sentia-se mais próxima dele e conseguia forças para continuar. Apenas não gostava de alimentar esperanças de voltar a encontrá-lo.

***

Livith acordou pela madrugada e viu que Axel não estava na cama, então foi procurar o companheiro. Viu que estava sentado na relva olhando para o céu com uma expressão triste e um olhar distante.
Aproximou-se e o abraçou. Sabia que aquele não era seu lugar. Adaptara-se muito bem ao Nunca, mas ainda não seria naquele momento que o chamaria de lar.
Sabia que seu coração estava muito distante dali, em Arzallum.
E sabia também que seu lugar é onde habita o seu coração.
Aquele definitivamente não era o lugar de Axel e perceber a angústia do companheiro a deixava infeliz.
Axel ainda olhava para o céu como se esperasse algo acontecer.

E lá no alto a estrela de Blake iluminava o céu escuro.